sexta-feira, 20 de março de 2015

Conflitos e Mudanças no Início do Século XX

Os últimos 100 anos da história contemporânea são considerados cruciais para o entendimento da civilização. Não somente por que abrange 40% dos temas em vestibulares ou ENEM, mas também pelo fato de moldar algumas características sócio-econômicas notáveis até hoje, em pleno século XXI. E os dois eventos abre-alas tiveram força decisiva nisso.
A Primeira Guerra Mundial, ou o primeiro grande confronto entre grupos de nações, foi preparado décadas antes, com a disputa de mercados e colônias entre Inglaterra e França, calejados no ramo imperialista, e Alemanha e Itália, países 'novos' que queriam sua fatia do bolo. Rússia e o Império Austro-Húngaro apoiaram as respectivas duplas formando as Tríplices Entente e Aliança.
Antes de eclodir o conflito tais grupos investiram pesado na indústria bélica - tanques, armas, uniformes - para o iminente ataque, a famosa Paz Armada. Depois, houve uma forte propaganda nacionalista para convocação nos exércitos, e ao mesmo tempo que valorizavam o patriotismo criticavam o inimigo. O atentado ao arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro da Austria-Hungria, enquanto visitava a Iuguslávia seria um problema isolado, mas as potências o usaram para desculpa para dar início aos combates.
Muitas inovações técnicas surgiram de 1914 a 1918, a exemplo das trincheiras, o uso de armas químicas (gases) e biológicas (vírus), além da tática de Guerra Total, quando é dada a ordem de aniquilar não somente o inimigo mas tudo que possa abastecê-lo (civis, fazendas, alimentos, indústrias). Pela primeira vez os generais não vão à linha de frente das batalhas, ficando a cargo do serviço de inteligência nos quarteis.
Apesar de ter ocorrido somente na Europa, a guerra se mundializou de forma indireta, já que todos os países do mundo tinham acordos comerciais com, pelo menos, uma das quatro potências envolvidas - O Brasil tomou as dores dos ingleses e franceses após o ataque a navios brasileiros por submarinos alemães. Porém, nada foi mais decisivo do que a entrada dos Estados Unidos ao lado da Entente, em 1917, o que permitiu a virada e derrota da Aliança.
Os resultados da guerra foram catastróficos para a Alemanha - a Itália mudou de lado por interesses de espaço - no Tratado de Versalhes: Perda de território, altas indenizações e proibição de investir no exército. Mas a bem da verdade quem saiu perdendo foi a própria Europa, que, com cidades e economia arrasadas, perdeu a hegemonia mundial para os Estados Unidos.
A Revolução Russa tem seu valor histórico por ser a primeira experiência comunista no mundo, apesar de seu mentor Karl Marx afirmar que isso aconteceria em solo europeu. A situação pré-revolução era péssima no país: maioria da população camponesa e miserável (85%), governo monárquico e autoritário do Czar Nicolau II e concentração de terras e rendas nas mãos dos ricos.
Alguns intelectuais propuseram um governo de cunho socialista e foram expulsos do país, dentre eles Vladimir Lenin. Mas isso não impediu que o projeto fosse finalizado, e ao serem reprimidos pela okhrana - a polícia especial do czar - em 1905, os opositores insistiram com greves, formando os sindicatos nas fábricas, conhecidos como sovietes.
A gota d'água foi o desastrosa participação russa na Primeira Guerra, quando foram massacrados por alemães no próprio território, fazendo com que a população se levantasse de vez contra um regime opressor e com altas cobranças aos russo, porém manso e fraco perante os invasores. Nicolau II e sua família foram tirados a força do palácio de S. Petersburgo, e por consenso os Mencheviques, grupo 'azul' oposicionista que propunha negociações e acordos com a monarquia, assumiu o poder, dando início ao Governo Provisório.



Esse governo durou poucos meses: dentre várias propostas de mudanças, somente a liberdade de expressão voltou, mantendo o país na guerra e a situação de miséria. Os Bolcheviques, grupo 'vermelho' que queria a mudança política por bem ou por mal, subiu ao poder.
Apesar do relativo sucesso do programa 'Paz, Pão e Terra', programa que propunha alimentos, divisão das terras aos camponeses e a saída da Rússia da Primeira Guerra, o governo Bolchevique enfrentou a oposição de todos que foram prejudicados após a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: Mencheviques, grandes fazendeiros, donos das fábricas (Lenin havia dado poder aos sindicatos) e membros ligados à aristocracia czarista.
O resultado desse embate foi a Guerra Civil russa, ou 'os vermelhos contra o resto'. Liderados por Trotski, os comunistas venceram após 5 anos de batalhas. No entanto o conflito custou caro à URSS, sendo necessário implantar novas medidas, como a NEP - tentativa de negociar a reestruturação econômica com os capitalistas - e a centralização política no partido comunista.
Após a morte de Lenin, em 1924, a disputa presidencial foi entre Leon Trotski, o preferido do povo, e Josif Stalin, preferido do partido. Stalin saiu vencedor, já que a eleição foi dentro do partido soviético. Em seus primeiros anos, Stalin continuou a investir no bem-estar da população, a exemplo da educação, trabalho, moradia, mas também deu início a um governo autoritário, com perseguições políticas, prisões, torturas e mortes, inclusive de antigos aliados, os chamados expurgos. 
Pode-se dizer que ambos os fatos ditaram os rumos para a Segunda Guerra Mundial (ascensão de regimes nazi-fascistas) e, mais do que isso, a Guerra Fria (embate ideológico entre EUA e URSS)

BONS ESTUDOS! ;)






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