Quase todas as informações históricas
sobre a América que preenchem os livros didáticos e documentários via
Natgeo ou Discovery são encabeçados por europeus. A organização da
metrópole espanhola é ignorada a ponto de o leitor-telespectador pensar o
descobrimento como um acidente, não-planejado na rota de Colombo até a
Ásia.
O livro O Espelho Enterrado, do literário mexicano Carlos Fuentes traz esse ano obscuro do evento. O subtítulo Reflexões Sobre a Espanha e o Novo Mundo já
dá o tom do ensaio: como se formou a porção ibérica do Velho Mundo, que
culturas foram determinantes naquela região, o que o ‘descobridor’
Cortéz e o defensor Las Casas encontraram e propuseram. Importante citar
que o livro originou-se da série de tv homônima coordenada pelo próprio
autor.
Dentre várias revelações que o livro de
2001 traz (ou seja, 10 anos antes do Guia Politicamente Incorreto…)
destaque para as influências da cultura indígena asteca e maia nas
esculturas da Europa (Vida e Morte no Mundo Indígena), os homens que
lideraram a independência (Simon Bolívar e José de San Martin) e
opiniões diversas sobre o futuro do continente latino-americano.
Uma boa pedida para os amantes das artes,
já que Fuentes relaciona alguns feitos às gravuras de pintores
(re)conhecidos do continente, a exemplo de Diego Rivera e José Clemente
Orozco. Áqueles que temem as formatações rígidas para fontes históricas,
podem fazer a leitura sem medo de se entediar ou se perder.
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