terça-feira, 31 de março de 2015

Estagnação no país dos hermanos

A greve geral na Argentina já dura 24 horas. Líderes sindicais afirmam que a paralisação tem a ver com a nova medida de Cristina Kirchner em aumentar os impostos sobre lucros em escala progressiva, podendo chegar a 35%. Pode não ser o estopim para mudanças drásticas - o próprio ministro da economia Axel Kicillof afimou que manterá o tributo -, mas mostra cada vez mais um país que naufraga há 14 anos.
E o que o Brasil tem com isso? Cristina adota uma postura governista híbrida do populismo de Perón e o falso bolivarismo, querendo resolver as maiores mazelas com a identificação social in memorian de Nestor Kirchner e a truculência (também in memorian) de Hugo Chavez, perseguindo meios de imprensa que a denunciam ou silenciando para sempre promotores que vasculham seus escândalos. 
Assim como lá Jorge Capitanich atua como cão-de-guarda da presidente, temos aqui Mercadantes e Berzoinis com papéis, digamos, mais discretos.



domingo, 29 de março de 2015

Renda-se à imagem


A foto acima poderia muito bem ser uma propaganda dócil de sabão em pó que valoriza uma infância aproveitada na base de brincadeira 'sujáveis'. Na verdade, mostra uma criança síria de 5 anos em gesto de rendição pensando que a câmera era uma arma e, provavelmente, o fotógrafo um combatente. Ou seja, desde o momento de seu nascimento seu país já enfrentava uma Guerra Civil envolvendo interesses religiosos e políticos, a qual já varreu mais de 200.000 vidas inocentes, fora os refugiados.
A mídia golpista ainda dá preferências a assuntos mais 'urgentes'. Quem sabe fosse um terrorista da Al-Qaeda, Estado Islâmico ou Boko Haram pilotando um avião alemão rumo ao suicídio nos alpes franceses não traria mais ibope, protestos e generalizações infundadas aos islâmicos?

sexta-feira, 27 de março de 2015

A Espanha Pela América

Quase todas as informações históricas sobre a América que preenchem os livros didáticos e documentários via Natgeo ou Discovery são encabeçados por europeus. A organização da metrópole espanhola é ignorada a ponto de o leitor-telespectador pensar o descobrimento como um acidente, não-planejado na rota de Colombo até a Ásia.
O livro O Espelho Enterrado, do literário mexicano Carlos Fuentes traz esse ano obscuro do evento. O subtítulo Reflexões Sobre a Espanha e o Novo Mundo já dá o tom do ensaio: como se formou a porção ibérica do Velho Mundo, que culturas foram determinantes naquela região, o que o ‘descobridor’ Cortéz e o defensor Las Casas encontraram e propuseram. Importante citar que o livro originou-se da série de tv homônima coordenada pelo próprio autor.
Dentre várias revelações que o livro de 2001 traz (ou seja, 10 anos antes do Guia Politicamente Incorreto…) destaque para as influências da cultura indígena asteca e maia nas esculturas da Europa (Vida e Morte no Mundo Indígena), os homens que lideraram a independência (Simon Bolívar e José de San Martin) e opiniões diversas sobre o futuro do continente latino-americano.
Uma boa pedida para os amantes das artes, já que Fuentes relaciona alguns feitos às gravuras de pintores (re)conhecidos do continente, a exemplo de Diego Rivera e José Clemente Orozco. Áqueles que temem as formatações rígidas para fontes históricas, podem fazer a leitura sem medo de se entediar ou se perder.

 

terça-feira, 24 de março de 2015

O Calibre e a (falta de) Nação e Estado

Umas das questões propostas em prova de Geografia de hoje foi essa letra dos Paralamas do Sucesso e tinha como objetivo abordagem do problema administrativo do Estado e Nação brasileiros relacionando com a crítica da banda. Esses brasilienses de formação tiveram menos teor e reconhecimento crítico dos irmãos da Legião Urbana, e o hit - que marcava a volta de Herbert após o acidente - apontava o gatilho para o primeiro ano do governo Lula em 2003. Curiosamente o mesmo político que eles defenderam em 1994 (o famoso caso Anões do Orçamento). 21 anos se passaram....e nada! 

domingo, 22 de março de 2015

Mortal Kombat X: Esse Game Promete (ou não)

Desde meados de agosto de 2014 Ed Boon, John Tobias e sua trupe lançam teasers do que viria a ser a nova franquia do jogo mais sanguinário, violento e desejado desde 1992. O início, de praxe em qualquer game de bagagem, foi insosso e entediante, apresentando 4 novos personagens mais a dupla Scorpion/Sub-Zero, os ninjas que se estapeiam desde os primórdios de Netherealm.
Mas gradativamente vieram as novas adições, com lutadores conhecidos repaginados e designs melhor detalhado, junto às inovadoras arenas (destaque para os tons escuros). As fatalities agora fazem jus à censura de 18 anos - contando os segundos para os hipócritas criticarem - adicionados de brutalidades digamos 'inesperadas'.
Assim como na versão de 2011, o jogo tem escolhas fora do padrão para serem selecionadas, porém dessa vez (até então) em forma de bônus pré-pago. Se no jogo anterior Freddy Krueger e Kratos eram coringas, dessa vez Jason Voorhess e o Predador estarão no páreo. E aí que entra uma frase ambígua desse fã confesso: Acho que não vai prestar.
O game chegará no Brasil custando uma bagatela de R$250 (Outstanding!) e, sinceramente, acredito que os criadores do jogo não manterão os personagens no pacote pré-pago, no qual consta também Goro, já que a
lógica capitalista e curiosa debandará várias compras para saber o modo de combate desses assassinos pops vintagem anos 80, que se divide em três. Uma luta entre Reptile e Predador seria totalmente invisível? Um fatality de Cage ou Sonya em sua própria filha - e vice-versa - é possível e causará espanto? Até 14 de abril muita coisa deve aparecer ainda, por enquanto, é se contentar com choose your destiny (HUAHUAHUAHUA)

sexta-feira, 20 de março de 2015

Conflitos e Mudanças no Início do Século XX

Os últimos 100 anos da história contemporânea são considerados cruciais para o entendimento da civilização. Não somente por que abrange 40% dos temas em vestibulares ou ENEM, mas também pelo fato de moldar algumas características sócio-econômicas notáveis até hoje, em pleno século XXI. E os dois eventos abre-alas tiveram força decisiva nisso.
A Primeira Guerra Mundial, ou o primeiro grande confronto entre grupos de nações, foi preparado décadas antes, com a disputa de mercados e colônias entre Inglaterra e França, calejados no ramo imperialista, e Alemanha e Itália, países 'novos' que queriam sua fatia do bolo. Rússia e o Império Austro-Húngaro apoiaram as respectivas duplas formando as Tríplices Entente e Aliança.
Antes de eclodir o conflito tais grupos investiram pesado na indústria bélica - tanques, armas, uniformes - para o iminente ataque, a famosa Paz Armada. Depois, houve uma forte propaganda nacionalista para convocação nos exércitos, e ao mesmo tempo que valorizavam o patriotismo criticavam o inimigo. O atentado ao arquiduque Francisco Ferdinando, príncipe herdeiro da Austria-Hungria, enquanto visitava a Iuguslávia seria um problema isolado, mas as potências o usaram para desculpa para dar início aos combates.
Muitas inovações técnicas surgiram de 1914 a 1918, a exemplo das trincheiras, o uso de armas químicas (gases) e biológicas (vírus), além da tática de Guerra Total, quando é dada a ordem de aniquilar não somente o inimigo mas tudo que possa abastecê-lo (civis, fazendas, alimentos, indústrias). Pela primeira vez os generais não vão à linha de frente das batalhas, ficando a cargo do serviço de inteligência nos quarteis.
Apesar de ter ocorrido somente na Europa, a guerra se mundializou de forma indireta, já que todos os países do mundo tinham acordos comerciais com, pelo menos, uma das quatro potências envolvidas - O Brasil tomou as dores dos ingleses e franceses após o ataque a navios brasileiros por submarinos alemães. Porém, nada foi mais decisivo do que a entrada dos Estados Unidos ao lado da Entente, em 1917, o que permitiu a virada e derrota da Aliança.
Os resultados da guerra foram catastróficos para a Alemanha - a Itália mudou de lado por interesses de espaço - no Tratado de Versalhes: Perda de território, altas indenizações e proibição de investir no exército. Mas a bem da verdade quem saiu perdendo foi a própria Europa, que, com cidades e economia arrasadas, perdeu a hegemonia mundial para os Estados Unidos.
A Revolução Russa tem seu valor histórico por ser a primeira experiência comunista no mundo, apesar de seu mentor Karl Marx afirmar que isso aconteceria em solo europeu. A situação pré-revolução era péssima no país: maioria da população camponesa e miserável (85%), governo monárquico e autoritário do Czar Nicolau II e concentração de terras e rendas nas mãos dos ricos.
Alguns intelectuais propuseram um governo de cunho socialista e foram expulsos do país, dentre eles Vladimir Lenin. Mas isso não impediu que o projeto fosse finalizado, e ao serem reprimidos pela okhrana - a polícia especial do czar - em 1905, os opositores insistiram com greves, formando os sindicatos nas fábricas, conhecidos como sovietes.
A gota d'água foi o desastrosa participação russa na Primeira Guerra, quando foram massacrados por alemães no próprio território, fazendo com que a população se levantasse de vez contra um regime opressor e com altas cobranças aos russo, porém manso e fraco perante os invasores. Nicolau II e sua família foram tirados a força do palácio de S. Petersburgo, e por consenso os Mencheviques, grupo 'azul' oposicionista que propunha negociações e acordos com a monarquia, assumiu o poder, dando início ao Governo Provisório.



Esse governo durou poucos meses: dentre várias propostas de mudanças, somente a liberdade de expressão voltou, mantendo o país na guerra e a situação de miséria. Os Bolcheviques, grupo 'vermelho' que queria a mudança política por bem ou por mal, subiu ao poder.
Apesar do relativo sucesso do programa 'Paz, Pão e Terra', programa que propunha alimentos, divisão das terras aos camponeses e a saída da Rússia da Primeira Guerra, o governo Bolchevique enfrentou a oposição de todos que foram prejudicados após a fundação da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas: Mencheviques, grandes fazendeiros, donos das fábricas (Lenin havia dado poder aos sindicatos) e membros ligados à aristocracia czarista.
O resultado desse embate foi a Guerra Civil russa, ou 'os vermelhos contra o resto'. Liderados por Trotski, os comunistas venceram após 5 anos de batalhas. No entanto o conflito custou caro à URSS, sendo necessário implantar novas medidas, como a NEP - tentativa de negociar a reestruturação econômica com os capitalistas - e a centralização política no partido comunista.
Após a morte de Lenin, em 1924, a disputa presidencial foi entre Leon Trotski, o preferido do povo, e Josif Stalin, preferido do partido. Stalin saiu vencedor, já que a eleição foi dentro do partido soviético. Em seus primeiros anos, Stalin continuou a investir no bem-estar da população, a exemplo da educação, trabalho, moradia, mas também deu início a um governo autoritário, com perseguições políticas, prisões, torturas e mortes, inclusive de antigos aliados, os chamados expurgos. 
Pode-se dizer que ambos os fatos ditaram os rumos para a Segunda Guerra Mundial (ascensão de regimes nazi-fascistas) e, mais do que isso, a Guerra Fria (embate ideológico entre EUA e URSS)

BONS ESTUDOS! ;)






domingo, 15 de março de 2015

Olê, Olê, Olê, Olá.....Protestar, Protestar!

As manifestações desse final de semana saíram conforme planejado, e as exigências idem, a exceção da intervenção militar e do impeachment da presidente. Não, este que vos escreve não votou em Dilma nem em outro da corja, mas, pela enésima vez nos protestos, falta informação às massas.
Os grupos pró e contra a situação governista foram às ruas, respectivamente, sexta (13/3) e domingo (15/3) e, por incrível que pareça, sem baixas de lojas, monumentos e pessoas. Soltaram notícias de que grupos pró foram pagos para irem às ruas. Para defender um representante público tem mais trocado do que ideal? Ah, o convencimento partidário é mais pelo estômago do que pela cabeça.
E a emissora da família Marinho insistiu no slogan das passeatas de domingo "Contra a corrupção, contra a presidenta Dilma". Poderiam informar muito mais da proposta Reforma Política, defendida por ambos os lados.
Sobre o Impeachment, é tão válido quanto o Mundial do Palmeiras. O prazo mínimo para que ele seja legal é um ano e um dia após a posse do legislativo, e mesmo assim precisa de uma ação conjunta de deputados, os quais ainda são maioria da base aliada. E ainda assim seria Michel Temer que assumiria, e caso não desse certo a bola passaria para Eduardo Cunha, depois viria Renan Calheiros e por fim, Ricardo Lewandowski. Para novas eleições, em que o partido da situação pode lançar um novo representante, só depois da metade do mandato. Ou seja, esse impedimento não daria vitória automática a Aécio Neves.
Protestar é um direito assegurado ao povo desde 1985 no Brasil. Como é esperançoso ver o povo sair às ruas para criticar um cenário tenebroso que tende a piorar por incompetências e contradições prometidas em campanha pela governante. No entanto, o mesmo cidadão que critica as falhas administrativas deveria se afastar ao máximo do corrompimento de caráter: um suborno ao policial de trânsito, tirar vantagem em uma ação conjunta, se conformar com injustiças quando não atinge o próprio quintal...
Dizem que o caos une a pessoas, e o refrão de Monólogo ao Pé do Ouvido, da Nação Zumbi, resume bem qual seria o objetivo real disso: "O homem coletivo sente a necessidade de lutar, o orgulho, a arrogância, a glória enche a imaginação de domínio / São demônios, os que destroem o poder bravio da humanidade"



terça-feira, 10 de março de 2015

Enchendo o Tanque do Carro

O sujeito rico chega para o amigo e diz cheio de arrogância:
- Consegui encher o tanque do meu carro pagando com uma nota de 50.
O amigo desconfia:
- Mas como? Era etanol adulterado?
- Não.
- Gasolina muito adulterada?
- Não. Gasolina 'normal' (com um pouco de etanol) mesmo.
- Você pagou a quantia e saiu correndo devendo o resto?
- Não. O frentista até ficou satisfeito.
- Então o dono do posto lhe deve favores.
- Não. Nem conheço o dono.
- Mas pagou como?
- Em dólar.

#TudunTss





sexta-feira, 6 de março de 2015

Jesus do Leste de Lugar Nenhum

O  Green Day causa alvoroço no mainstream desde os anos 90, mas o seu American Idiot foi um divisor de águas por 2 motivos: O engajamento político implícito da banda e o visual emo de Billie Joe Armstrong. Quando veio a sequência 21st Century Breakdown, em 2009, já ficou escrachado o teor crítico do trio californiado à quase todas as mazelas sociais, e a faixa East Jesus Nowhere aponta de modo certeiro para a religião.

A letra relaciona os atos da igreja, provavelmente a protestante que abunda nos EUA, aos feitos do exército norte-americano desde 11 de setembro ou até antes, quando justificam mortes em nome da paz, do equilíbrio e da democracia (Depositem sua fé em um milagre / E isso não tem a ver com religião/ Juntem-se ao coro, estaremos cantando /Na igreja da doce ilusão), além de citar os problemas raciais enfrentados na América até a investida de Martin Luther King (Levantem-se! Todos os garotos brancos / Sentem-se! Todas as garotas negras / Vocês são os soldados do novo mundo).

Tudo isso abusando do autoritarismo, de forma que o povo, descrito como ‘cães sodomizados’, não devem criticar ou mesmo se posicionar contra seu líder-pastor-presidente-general em tom de ameaça (Não me testem / Não me contestem / Não me protestem), aos olhos de um aparelho repressor e vigilante (Eu quero saber a quem é permitido reproduzir/ (…) E os tiras de uma nova religião)

Talvez aos ouvidos dos ateus revoltatinhos isso pode soar como uma ode de Beethoven ou de Vinícius de Moraes, remetendo aos abusos medievais da instituição. Mas a bem da verdade a música, acompanhada por batidas que lembram as touradas espanholas, serve para o próprio estaduniense rir da própria desgraça – o videoclipe tem sua parcela bem-humorada – e talvez refletir sobre um futuro justo e digno, sem intervencionismo ou pisões em outras religiões. Em tempos de Estado Islâmico e execução de traficantes na Indonésia, misturar política e religião pode não ser a solução, mas seria o maior dos problemas geopolíticos?


terça-feira, 3 de março de 2015

Xerox (Parte I)

Para quem assiste Meu Amigaozão, como este padrinho de uma adorável sobrinha de 2 anos, já deve ter percebido essa semelhança. Será que o elefante seria Nicolás Maduro?


domingo, 1 de março de 2015

Vergonha de competir pelo Brasil

"A notícia não repercutiu, talvez por se tratar de um esporte que ninguém dá bola. Mas eu chorei ao ver o depoimento da esgrimista Élora Ugo Pattaro, explicando por que desistiu da preparação para a Rio-2016. Sem apoio, sem patrocínio, ela fala de corrupção, de humilhação e diz ter vergonha de competir pelo Brasil.

Não é novidade que o único esporte que recebe dinheiro de verdade no pais é o futebol. Claro que há atletas vivendo bem de modalidades onde o Brasil se destaca, como o vôlei e a natação. Mas estamos falando de quantos? Pouca gente.

Há casos individuais, como o de Gabriel Medina, que chegou ao topo graças a ele mesmo. Na cola de suas vitórias vieram mais e mais empresas querendo seu nome no boné ou na prancha do surfista. Mas pra cada Gabriel Medina há milhares de Éloras jogando a toalha.

Élora é o retrato da maioria. Alguns devem dizer: quem mandou escolher esgrima? Tênis de mesa? Nado sincronizado? Não terá apoio mesmo. Como se talento e aptidão pudessem ser direcionados.

Élora não tem culpa de ter se dado bem com um sabre. Élora também não tem culpa de ter nascido no Brasil. Élora não tem culpa de nada, mas está sendo penalizada por tudo isso. Por ser esgrimista num país como o Brasil. Aqui quem vence vira herói. Tem que ser herói mesmo para não desistir.

Sinto pena de Élora e de tantos outros que se perdem por falta de apoio do governo, de patrocínio das empresas, por causa de gente bandida que mete no bolso o escasso dinheiro que deveria servir ao esporte.

Já vi atletas serem criticados, chamados de vendidos, vira-casacas por trocarem de nacionalidade e defenderem outros países. Não pode, certo? Talento brazuca! Tem que honrar a camisa! Cadê o patriotismo? Gente, ninguém paga conta com patriotismo. Não dá para honrar a camisa sem apoio e dindim no banco. Ser atleta custa caro.

Melhor ser "vendido", bem-sucedido, a ser patriota fracassado. "Vender" o passaporte para outro país nada mais é do que absoluta gratidão financeira e emocional pelo que essas pátrias adotadas fazem. Dão mais do que casa, comida e roupa lavada. Dão condições para que uma pessoa viva do seu talento. No Brasil, parece que é pedir demais.

Ir embora é difícil. Tem que ter colhão para pegar a chuteira, a toca, a raquete, a mala e a cuia e fincar bandeira em um país. Fizeram bem jogadores de futebol, como Diego Costa, que hoje está na Espanha, e Thiago Motta, que virou cidadão italiano. Há brasileiros no polo aquático e no judô, adotados por outros países. Certos, eles.

Élora, eu também teria vergonha. Eu também tenho vergonha de como o esporte é tratado aqui. E se tivesse algum talento já teria me vendido para outro país que valorizasse o que tenho de melhor."

(Mariliz Pereira Jorge, em Folha de São Paulo 28/2/15)