sábado, 25 de abril de 2015

Até quando teremos que suportar letras horríveis na música brasileira?

Diretamente do poético, do sincero e sulfurante Régis Tadeu.

"Ontem foi feriado e, por um daqueles acasos que sempre fazem a gente pensar, passei o dia inteiro ouvindo antigos álbuns de música brasileira para um texto que estou escrevendo aqui para este tão nobre espaço dentro do Yahoo. Só que, a medida que ia ouvindo aquelas preciosidades, me dei conta que uma questão começou a martelar a minha velha cabeça com cabelos bem grisalhos: quando foi que a música brasileira começou a ser dominada por letras horríveis?
É… Você já tinha parado para pensar nisto?(...)
Tente identificar uma canção nacional que esteja fazendo sucesso atualmente que tenha uma letra que não seja endereçada a alguém que sofra de um retardamento mental. E quando escrevo “sucesso”, isto significa a imensa variedade de músicas que andam por aí a tocar incessantemente nos programas de TVs e nas rádios do mainstream. Sei muito bem que no underground e nos “circuitos dos SESCs da vida” ainda tem pouca gente talentosa neste quesito, mas… E na atual “MPB”, que chamo de “música popularesca brasileira”? É possível citar uma única canção que não tenha uma letra meramente ginasial? Tentei lembrar alguma, mas desisti depois de mais de meia hora matutando a respeito disto.
Antes que você venha com o velho papinho “lá vem o tio nostálgico de novo”, faço questão de frisar que a constatação é real e pode ser conferida por quem tem olhos e ouvidos com um grau de funcionamento razoável: a música brasileira em geral desaprendeu a fazer letras e o público se tornou mais burro. A questão é: artistas passaram a gravar canções com letras medíocres porque os fãs emburreceram ou os fãs emburreceram porque os artistas passaram a gravar músicas com péssimas letras?
Que eu me lembre – posso estar enganado, já que a minha memória não é mais a mesma – a degringolada poética começou com a ascensão daquelas duplas sertanejas na época do governo Collor. Foi quando nomes como Chitãozinho & Xororó, Zezé di Camargo & Luciano, Leandro & Leonardo e tantos outros perceberam que precisavam atingir um público maior nas grandes cidades e abandonaram a riquíssima poética do campo para falar de amores não correspondidos e “dores de corno” para quem morava nas capitais com uma linguagem simples e direta, sem rodeios. De lá para cá, o desastre se transformou em um tsunami de mediocridade, que atinge desde as pavorosas letras das canções de “divas de popularidade” como Ivete Sangalo, Claudia Leitte e Paula Fernandes até esses grupos de pagode “xexelentos”, passando por aberrações como Luan Santana, Gusttavo Lima e seus imitadores. E isto inclui também estas bandinhas de rock indie desafinadas e que não sabem sequer afinar seus instrumentos.(...)"

link: https://br.noticias.yahoo.com/blogs/mira-regis/ate-quando-teremos-que-suportar-letras-horriveis-155346684.html

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